Artigo: O Ódio ao Parlamento: Organização do Estado na Alvorada da República
In: Anais do III Simpósio Internacional de Filosofia da Dignidade Humana - Virtudes da República. Salgado, Karine et al. (org.) - 1ª ed. - Belo Horizonte, MG Initia Via, 2019.
ISBN 978-85-9547-058-3
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"O Brasil e a história da construção de nossa nação não poderiam ser mais distantes do processo colonial típico das Américas. A rigor, além de ter o reconhecimento de seu status de Reino Unido em 1815, sendo portanto reconhecidamente metrópole desde então – inclusive abrigando a Corte Real, capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve –, o processo de independência e afirmação do Império do Brasil nunca foi, inclusive pelo que acabamos de expor, uma ruptura entre metrópole e colônia, senão justamente a separação entre dois Reinos anteriormente unidos.Assim, o Império do Brasil jamais careceu, como necessitaram as demais nações do continente americano, seja de se impor contra a Europa, seja de mimetizar uma Europa saudosista ou mesmo anacrônica; o Brasil foi, efetivamente, Europa. Um Império de raízes europeias nos trópicos, que não careceu romper ou imitar a história do velho continente, senão dar-lhe continuidade – um projeto muito mais generoso, aberto e inclusivo. Foi justamente nesse espírito de avançar no projeto civilizatório ocidental que floresceu – como não poderia deixar de ser –, ao longo do duradouro reinado do Imperador D. Pedro II, a vigorosa instituição democrática do Parlamento. A consciência parlamentar acerca do seu Poder e de sua legitimidade, aliás, não é mero fato da Razão, mas uma construção cultural que germinou ao longo dos quase 100 anos do Império do Brasil.” (OS AUTORES)